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PÃO, TRABALHO, FESTA E RELIGIÃO
30 de dezembro de 2016 - 23:27, por Claudefranklin Monteiro
Particularmente, não sou dado a mensagens de final de ano. Até curto e compartilho algumas. Admiro a criatividade das pessoas e, sobretudo, a sua esperança. É como se mudar de ano fosse, ao menos no campo simbólico, virar uma chave e pronto: vida nova, tudo novo.
Em meio a esse clima romântico sobre as perspectivas, nos sentimos contaminados pela necessidade de também ter o direito de sonhar, projetar, acreditar e vislumbrar. Nesse sentido, vou me valer do tom de Padre Zezinho, que numa de suas canções diz que é preciso “esperar contra toda esperança / caminhar como quem tem certeza”.
Entre o final de minha adolescência e início da fase adulta, fui tomado de assalto por uma música que mexeu com muitos de meus conceitos. De autoria de Gilberto Gil (1979), ouvi atentamente e entusiasmado “Viramundo” nas vozes de Elomar e Geraldo Azevedo, na década de 90.
A letra é profunda, como todas de Gil. Sua melodia nos convida a saímos de nossa inércia, romper as barreiras do comodismo, caminhar, enfrentar as adversidades, superar as limitações. Ser o dono da história. Ser virador deste mundo.
Trata-se de um programa social muito pertinente para nosso tempo, em que a corrupção impera e a injustiça também. Um programa que se resume em três palavras: festa, trabalho e pão. E nesse afã, assim, numa determinada passagem, narra seu autor: “Prefiro ter toda a vida / A vida como inimiga / A ter na morte da vida / Minha sorte decidida”.
Isto me inspirou a pensar no ano que se encerra hoje e no outro que se inicia amanhã, domingo, primeiro dia da semana. E penso que mais do que qualquer coisa, em nenhum ano, inclusive o novo, não podem faltar essas três coisas. Esses três ingredientes fundamentais.
Ouso, apenas, já pensando em 2017, 18, 19 e doravante, inverter a ordem e acrescentar mais uma coisa: a religião. Mais do que uma tríade, talvez um quarteto aponte melhor as minhas perspectivas e expectativas. Pois quatro são os elementos da mesa do brasileiro (feijão, arroz, carne e salada); quatro são as etapas produtivas (emprego, labuta, salário e descanso); com quatro coisas nós brincamos (canto, dança, amizade e alegria); e quatro delas fazem a vida ter sentido: acreditar, orar, pedir e louvar.
Assim, sem pão, não há trabalho. Logo, que os salários não atrasem mais.
Sem trabalho, não há pão. Que todos os corruptos sejam punidos.
Sem pão e trabalho, não há festa. Que o “circo” não seja a meta.
Sem festa, não se come e não se trabalha. Que não roubem mais nosso dinheiro.
Sem fé, o ciclo não se fecha: nem o pão, nem o trabalho e nem a festa. Que Deus tenha misericórdia da gente!
Assim, me disperso de 2016 com minhas últimas teceduras, urdidas sob o embalo do amor pelas letras, pela história, pela cultura e pela vida. Viver é, acima de qualquer plano, a melhor das coisas que quero para o ano novo.
Felizes bons dias e todos os dias de 2017, com pão, trabalho, festa e religião.