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Monsenhor José Carvalho de Souza : A Voz da fé católica em Sergipe
4 de dezembro de 2016 - 10:00, por Claudefranklin Monteiro
Portal Lagarto Notícias
A História do Catolicismo em Sergipe foi marcada por inúmeras passagens que atestam a sua fé no legado de Jesus Cristo. Parte disto, pode ser atribuída a trajetórias de vida de leigos e, sobretudo, de pessoas do clero que pontuaram, com suas ações e a representação que construíram na sociedade, um nível de referência digno de nota.
Nesse cenário, um nome e uma voz se destacam, em que pese a sua importância histórica, teológica e moral. Alcançando, por obra e graça de Deus, uma notável longevidade, Monsenhor José Carvalho de Souza, certamente, está entre os grandes nomes do catolicismo sergipano.
Órfão de mãe (Maria Carvalho de Souza), natural de Lagarto, no dia 24 de novembro de 1926, ainda muito cedo e sob os cuidados do avô, o Cel. Zacarias, José Carvalho de Souza resolveu ser sacerdote a ser fazendeiro (função social que dava notoriedade na cidade pelos idos dos anos 40 e 50).
Logo, não tardou a inserir-se no Seminário, sob a orientação do Padre João Marinho, onde se destacou sem demora, indo estudar Filosofia na Paraíba, na Universidade Católica de Pernambuco e no Seminário Maior de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, considerado, à época, uma das melhores instituições de formação de sacerdotes do Brasil.
Teve, ainda, uma passagem pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São João Del Rei-MG, onde recebeu o Diploma de Administração Escolar (outra vocação latente que lhe serviria de base para mais tarde implantar uma das mais renomadas escolas de Sergipe – O Arquidiocesano).
Marcado pela sábia e profícua retórica e por uma voz inconfundível e muito peculiar, certamente recebeu influências de seu Mestre espiritual, o padre Frederico Loufer, do qual herdou ainda o interesse pelos estudos bíblicos.
Não tardou para que seus méritos fossem reconhecidos. Ao longo de 60 anos de Sacerdócio, Monsenhor Carvalho ocupou e aceitou as honrosas, como também desafiantes, missões sacerdotais.
Foi ordenado presbítero, em 1956, por Dom Fernando Gomes, na matriz de Lagarto, já foi vice-Reitor e Reitor do Seminário Arquidiocesano Sagrado Coração de Jesus.
Porém, sua história sacerdotal se confunde com a do Colégio Arquidiocesano. Pelos idos de 1957, quando assumia a reitoria do Seminário Arquidiocesano Sagrado Coração de Jesus, o Monsenhor Carvalho enfrentou a duras penas o desafio de zelar pela parte espiritual, pedagógica, e por contingências contextuais, a financeira também.
Em 1959 nascia, numa das dependências do seminário na Praça Camerino, o então Educandário Sagrado Coração de Jesus (denominação dada à época para instituições de ensino mantidas pela Igreja Católica, a exemplo do Educandário Nossa Senhora da Piedade, em Lagarto). Mais tarde, em 1960, à Rua Dom José Thomaz, o Educandário se transforma em Ginásio Diocesano Sagrado Coração de Jesus.
Com os anos, o Arquidiocesano se transformou, sob sua direção, numa das maiores e melhores instituições de ensino particular do Estado de Sergipe, com destaque especial para o excelente desempenho de seus alunos em competições esportivas e no vestibular, carregando a marca registrada do determinismo e garra de Monsenhor Carvalho, seu fundador. Em 2012, afastou-se da instituição deixando marcas inesquecíveis e insuperáveis.
Desse modo, com destacada passagem pela educação e pela cultura, ele foi nomeado Conselheiro do Conselho de Cultura do Estado de Sergipe, em 1968. Tendo sido, também, Diretor-Presidente da Rádio Cultura de Sergipe.
Em 1975, foi nomeado Cônego Catedrático do Cabido Metropolitano da Arquidiocese de Aracaju, pelo arcebispo de Aracaju, Dom Luciano José Cabral Duarte.
Orgulho da gente lagartense, Monsenhor Carvalho é presença assídua no novenário dedicado a Nossa Senhora da Piedade, por quem devota apreço especial. Nas últimas festas da padroeira de sua querida terra natal, ao longo de seus 90 anos de vida, tem tido a honra (como gosta de frisar) de encerrar as festividades da Padroeira.
Em 2002, foi nomeado monsenhor pelo Papa João Paulo II, por solicitação de Dom José Palmeira Lessa, Arcebispo de Aracaju. Título que ostenta com galhardia e mérito.
Em 2006, publicou seu primeiro livro, ‘Presença Participativa da Igreja Católica na História dos 150 anos de Aracaju’, um opúsculo que condensa passagens importantes do catolicismo da capital sergipana, desde os primórdios da Capitania de Sergipe D´El Rei.
Pelas mãos do saudoso Governador Marcelo Déda, recebeu, em 2007, a Medalha da Ordem do Mérito Parlamentar, honraria da Assembleia Legislativa de Sergipe.
Por ocasião das comemorações do centenário de falecimento de Monsenhor Daltro, em Lagarto, na Administração do Prefeito Valmir Monteiro, em 2011, ele recebeu a Comenda Daltro.
No âmbito das academias literárias, em 1998, foi nomeado membro titular da Academia Brasileira de Arte, Cultura e História de São Paulo. Desde o dia 19 de abril de 2013, tornou imortal da Academia Lagartense de Letras, ocupando a cadeira de número 10, cujo Patrono é Monsenhor João Batista de Carvalho Daltro.
Ainda em 2013, foi tema da dissertação de Mestrado de Educação, pela UNIT, de Cristiane de Souza Santana Lima, sob a orientação da Prof. Dra. Raylane Andreza Dias Navarro Barreto, que traça seu perfil à luz da História da Educação em Sergipe.
Em 2015, pelo conjunto da obra, o Conselho Estadual de Educação de Sergipe concedeu-lhe o título de Honra ao Mérito Educacional.
Em que pesem as considerações aqui expostas, pode-se dizer que Monsenhor Carvalho faz jus a diversas passagens da Bíblia Sagrada que discorrem sobre a longevidade. Sua trajetória vai ao encontro das palavras de Deus, que prometeu alongar os anos daqueles que seguissem seus preceitos e procurasse fazer de seu viver um gesto concreto de amor ao seu próximo.