Como um terno preto faz Diego Costa renascer

12 de setembro de 2016 - 09:04, por Marcos Peris

“Eu acho que Diego é um bom rapaz. Ele é um jogador que é muito importante para o time. Eu digo a ele: ‘Transfira sua paixão e entusiasmo da forma certa, e isso é bom para mim”.

Antonio Conte aconselha Diego Costa com propriedade. A intensidade do atacante em campo foi compartilhada por ele em seus tempos de jogador, um volante da década de 90 do futebol italiano. De estilo aguerrido, o hoje treinador não deixou de colocar o coração na ponta da chuteira, mesmo quando parou de calçá-las.

Conte e Simeone, os intensos treinadores com quem Diego Costa já trabalhou ou trabalha

Na função à beira do gramado, o ex-comandante da seleção italiana e da Juventus chama atenção por um motivo que vai além de seus bons trabalhos: o perfil apaixonado e entusiasmado, como ele mesmo se refere a Diego Costa.

Não são poucas as vezes que o resultado, positivo ou negativo, de um time de Conte, desperta menos atenção do que uma reação exacerbada do técnico, que chuta a bola, sobe no banco de reservas e não para quieto na zona técnica.

Mais característico do que isso só o seu terno e gravata pretos, traje obrigatório para Conte em partidas de futebol e que acaba por representar um símbolo de redenção na carreira de Diego Costa.

A vestimenta também é marca registrada de Diego Simeone, o treinador que também entende o atacante. Outro volante aguerrido que virou um técnico apaixonado e que não deixa o traje social formalizar a sua postura demasiadamente intensa à beira do campo.

Foi com Simeone que Diego Costa virou referência no mundo do futebol. Foi campeão espanhol, da Copa do Rei, vice-campeão da Uefa Champions League e foi à Copa do Mundo com a seleção espanhola.

Após dois anos de destaque, acabou vendido ao Chelsea por 38 milhões de euros. E o sucesso foi repetido na primeira temporada: título do Inglês, pelo qual foi escolhido para a seleção do campeonato e conquista da Copa da Liga Inglesa.

Em 2015-16, porém, veio a queda. Acompanhado por suspensões e inúmeros cartões amarelos, o atacante se destacou, mas de forma negativa. Seu nome ficou marcado pelas confusões e desentendimentos em campo e acabou de fora da Eurocopa. Seu destino pareceu incerto após especulações de um possível retorno ao Atlético. Mas ele ficou e reencontrou quem o entendesse perfeitamente.

“Diego deve estar focado no game. Eu não quero que ele foque em outros jogadores, outros técnicos, na imprensa ou nas pessoas que falam sobre ele. Ele deve apenas ficar focado no jogo. Para mim, o jogo, a performance, é a coisa mais importante. Os outros são apenas blá, blá, blá. É importante prestar atenção durante o jogo, porque ele é um jogador importante e pode fazer muitos gols. Então eu quero que ele se coloque no jogo e não pense em outros situações. Não é bom para mim, não é bom para ele e não é bom para os torcedores do Chelsea”, declarou Conte no meio de agosto.

O discurso parece estar surtindo efeito nesta temporada. São quatro gols em quatro jogos na Premier League, além de uma assistência. Assim, Diego Costa participou mais da metade dos nove gols do Chelsea na Premier League, na qual o time londrino ocupa a segunda posição.

Sob a sombra do terno preto do treinador, a paixão e o entusiasmo de Diego Costa parecem, até aqui, ter sido transferidos da forma certa. ( ESPN)