Cassiano Santana passa temporada em Londres e relata clima político no Reino Unido

5 de julho de 2016 - 03:00, por Marcos Peris

Portal Lagarto Notícias

O jovem Cassiano Santana, que desembarcou em Londres há cerca de duas semanas, vivencia de perto esse momento histórico de repercussão global. Ele, que cursa graduação em administração de empresas e gestão de investimentos em Babson College nos EUA, relata que viajou ao Reino Unido (formado pela Inglaterra, Escócia, País de Gales, e Irlanda do Norte), já animado para presenciar se o país decidiria permanecer ou não na União Europeia—um casamento celado em 1973. Para Cassiano, que já acompanhava as notícias ainda em solo estadunidense, o resultado do plebiscito (apelidado de Brexit—união de Great Britain e Exit) foi uma completa surpresa.

Cassiano passa temporada acadêmica na prestigiosa London School of Economics (LSE), considerada uma das melhores universidades do mundo

Cassiano passa temporada acadêmica na prestigiosa London School of Economics (LSE), considerada uma das melhores universidades do mundo

O plebiscito ocorreu na quinta-feira, dia 23 de junho, e o resultado foi divulgado no dia seguinte no qual 52% da população votou pela saída. “Fui dormi por volta das duas da manhã, no horário local, e já havia resultado para cerca de cinco distritos, no qual o “leave campaign” (a favor da saída) estava ganhando. Fiquei surpreso. Fui dormir pensando que, quando computassem mais votos, o resultado mudaria. Engano meu. Acordei na sexta-feira em um mundo diferente. Muitos amigos me mandando mensagens, todos surpresos com o resultado. É uma daquelas coisas que você sabe que pode ocorrer, mas que você imagina que as pessoas nunca, de fato, fariam.”

Logo após que o resultado foi divulgado, David Cameron, que liderou a “remain campaign” (pela permanência na União Europeia), anunciou sua renúncia do cargo de primeiro-ministro. O mercado financeiro de Londres, que é o segundo maior centro financeiro do mundo, entrou em turbulência assim que o resultado oficial saiu, e a libra esterlina perdeu 10% do seu valor comparado ao dólar—um nível não visto desde 1985. “Foi impressionante. Parecia loucura. É uma loucura. Quando cheguei aqui a libra valia cerca de 1.50 dólar e, após a divulgação do resultado, valia 1.33 dólar (parece pouco, mas faz uma diferença enorme). De imediato, para mim, é ótimo que a moeda perdeu valor, já que minha bolsa é em dólares; mas, em si, o resultado do plebiscito sinaliza uma tragédia que vai ser negativa para mim também—e para o mundo todo, incluindo os próprios ingleses”.

Aspectos do plebiscito

Aspectos do plebiscito

“A saída da União Europeia representa, sobretudo, uma postura ferrenha contra a imigração—que foi a principal justificativa para a saída. “Take back our country, control our borders” (“Tome de volta o nosso país, controle nossas fronteiras”) foi um dos lemas utilizados na campanha em prol da saída. É um sentimento nacionalista, populista, que infelizmente vai contra o processo de globalização e dos benefícios que esta trouxe. No mais, é uma pena observar tais sentimentos também nos Estados Unidos, onde Donald Trump, que é candidato à presidência pelo Partido Republicano, recebeu o maior número de votos da história nas primárias de seu partido (nos EUA, a população filiada ao partido vota para escolher o candidato, antes mesmo das eleições gerais). Na minha opinião, é simplesmente um absurdo, um retrocesso imenso”.

Universidade em Londres

Universidade em Londres

É uma decisão que o Reino Unido terá que enfrentar. É aí que, na minha modesta opinião, a democracia falha. Ela falha quando promove esse tipo de retrocesso—é como muitos ingleses estão dizendo: “em primeiro lugar, nunca devíamos termos feito um plebiscito”. Ainda que a diferença de votos tenha sido de cerca de 1.3 milhão, a população mais jovem, que viverá com as consequências do plebiscito, votou pesadamente contra a saída. Entre 18-24 anos, por exemplo, 73% votaram para continuar no bloco, assim como 62% da faixa etária entre 25 e 34 anos. O perfil demográfico daqueles que votaram pela saída é uma população mais velha, branca, com menos educação formal e das classes econômicas mais baixas. Isso tudo revela que idade, raça, e classe social influenciaram—e muito—o resultado desastroso baseado em um sentimento anti-imigração e anti-capitalismo contemporãneo. Como um professor da LSE disse: “é uma vingança daqueles que foram excluídos dos benefícios do processo de globalização; não que nada vá melhorar na vida deles devido à saída, mas muita coisa vai piorar na vida dos demais”. Ontem mesmo, sábado, houve um protesto aqui em Londres com milhares de pessoas que são contra a saída. O país está dividido, e o sentimento xenofóbico só cresce.

É uma pena ver o país em uma turbulência tão grande gerado por sentimentos mesquinhos de parte de sua população. A dissolução do Reino Unido, que antes parecia algo impensável, pode até ocorrer já que Escócia e Irlanda do Norte votaram contra a saída e já afirmaram que vão promover plebiscitos acerca da independência. Bancos e empresas já anunciaram que moveram funcionários, ou suas sedes, para outros países que permanessem na União Europeia. Talvez seja até o fim de Londres como um dos principais mercados financeiros do mundo. É um momento de incerteza, que se prolongará por muito tempo e fará muitos estragos até que as negociações de saída sejam concluídas—o processo de pode durar mais de dois anos.

Jovem passa temporada no país e estuda na conceituada LSE

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Cassiano, além de estagiar em Londres, está estudando na London School of Economics durante o verão do hemisfério norte— o que equivale as suas férias de Babson College, onde estuda com bolsa integral. Ele recebeu uma bolsa adicional para essa experiência em Londres, onde permanece por três meses. Cassiano relata que é um sonho poder ter essa exposição profissional na Inglaterra, e estudar na LSE. A universidade formou mais bilionários que qualquer outra universidade na Europa, além de ter formado mais de 45 presidentes do mundo inteiro. No mais, resguarda como egresso ou docente (atual ou não) cerca de 26% de todos os laureatos com o prêmio nobel de economia.

 

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