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Iuri Rodrigues: Não tem representação na Câmara de Vereadores de Lagarto
19 de junho de 2016 - 10:13, por Marcos Peris
Portal Lagarto Notícias
A Entrevista da Semana é com o renomado jornalista lagartense e pré-candidato a vereador pelo Partido Social Democrata (PSD), Iuri Rodrigues de 27 anos. Durante a entrevista ele explica o porquê de ter largado tudo para lançar o seu nome nas eleições municipais deste ano.
Para Iuri, a Câmara Municipal de Lagarto não tem representação. Ele é neto do saudoso Zé Grande e acredita que pode fazer a diferença na CML. O jovem audacioso quer valorizar a cultura através da política. Na entrevista ele criticou os legisladores municipais e falou um pouco das suas ideias. A nível nacional, Iuri acredita que o impeachment é golpe.
Confira a Entrevista da Semana na íntegra:
PLN: Quem é o Yuri Rodrigues?
Yuri: Yuri Rodrigues é um lagartense, filho de Ginaldo que é filho do finado Zé Grande. Eu sou nascido e criado em Lagarto, fui aluno do Frei Cristóvão, do Polivalente e do Mundial a vida toda.
Depois eu saí de Lagarto, e fui para Aracaju cursar Jornalismo porque o meu sonho de vida era ser jornalista, daí fui aprovado no vestibular, passei quatro anos indo e voltando de ônibus, e desse ônibus saiu um documentário na Rádio CBN sobre a vida dos estudantes de Lagarto. Trabalhei como estagiário e assessor de imprensa de Goretti na Alese. Também fiz mestrado em Porto Alegre, voltei para ajudar na campanha de Lila, trabalhei com ele, retomei meus estudos em São Paulo e há uns dois meses e meio, eu decidi largar tudo e voltar pra minha cidade.
Eu sou católico e numa missa do Padre Marcelo Rossi, ele disse lá que “tinha uma pessoa naquele meio que tinha que abdicar da sua vida, e voltar pro seu primeiro amor”. E a interpretação que eu fiz foi que: aquele recado foi para mim, e que eu tinha que deixar São Paulo e contribuir para o debate político da minha cidade porque eu vim aqui num certo dia, e fui assistir uma sessão da Câmara de Vereadores, e eu não achei um vereador que me representasse, tinha um que falava um pouquinho, mas era coisa mínima.
PLN: Você veio para ser candidato?
Iuri: Sim. Vim para ser candidato a vereador.
PLN: E o que faz você acreditar que pode ocupar uma vaga na Câmara de Vereadores de Lagarto?
Iuri: Eu acho que é essa rejeição da atual legislatura. Eu acho que Lagarto hoje é uma cidade universitária e que é conhecida nacionalmente por conta da universidade, Lagarto tem uma vida cultural que ferve, mas é obscura porque ninguém está ligado nisso.
PLN: Sem querer fazer campanha, mas porque as pessoas deveriam votar em você para vereador? Porque você passou muito tempo fora de Lagarto, e ajudou a eleger uma administração que hoje é visivelmente rejeitada.
Iuri: O desgaste da administração em Lagarto, não é só em Lagarto, é no Brasil todo. O melhor prefeito que São Paulo já teve é Fernando Haddad, que é um prefeito que não pode nem sair na porta porque toma tapa do povo. Se eu tivesse em São Paulo, eu votaria no Haddad, por convicção mesmo. Então o desgaste não é só em Lagarto.
Eu abdiquei da minha vida pessoal e profissional para contribuir com o debate político da minha cidade. Estou com ideia junto aos amigos de fazer um mandato colaborativo, eu sou vereador, mas eu preciso de alguém que me ajude. Quem é esse alguém? Esse alguém é o negro que não é representado, esse alguém é a comunidade LGBT que não é representada, esse alguém são as pessoas carismáticas da igreja que não têm nenhum representante.
PLN: Como você está se articulando para chegar a Câmara de Vereadores?
Iuri: Dialogando. Eu sou contra compra de voto, eu sou contra muita coisa que existe no seio da política.
PLN: Mas você sabe que Lagarto ainda é uma cidade um pouco dividida, e que ainda há compra de votos. A pessoa pode dizer que gostou do seu projeto, mas se você não der uma coisinha aqui e outra ali… isso ainda existe. Como pretende lidar com isso?
Iuri: Eu não vou fazer nada. Eu vou pedir meu voto, se a pessoa quiser votar em mim pelos meus ideais, mas se ele achar dinheiro com outro candidato, boa sorte pra ele.
PLN: Qual será a sua diferença como vereador? Isso se conseguir ser eleito.
Iuri: Se eu chegar lá, eu tenho dois projetos que talvez tornem-se Projetos de Lei na Câmara. Um é na área cultural, eu quero ver se a gente cria um meio de destinar verbas do município para incentivar a cultura local, ela também servirá para incentivar o natal dos povoados, o Som na Praça, os grupos teatrais de Lagarto e os grupos musicais.
A minha outra proposta é o Ocupe a Câmara. A Câmara de Lagarto é a casa do povo, e como é que é a casa do povo, e o povo não tem vez na casa?! Ou seja, faremos sessões nos bairros e comunidades para que elas apresentem as suas demandas.
PLN: Seria uma Câmara Itinerante?
Iuri: Isso, seria uma Câmara Itinerante. Já existe isso na Alese.
PLN: Nessa gestão o município de Lagarto assistiu muitos momentos de manifestações populares, principalmente dos professores na frente da CML. Como é que você, que nunca foi político, vai lidar com esses momentos de acaloramento dos ânimos na cidade?
Iuri: Quanto a essa questão dos professores, eu não estava presente no município, mas acompanhava pelas redes sociais. Eu acho que por melhor que seja o projeto, não se deve votar contra o professor porque isso é ruim. O professor é uma classe que mexe com toda a sociedade.
Eu falo por mim, eu não votaria a favor de um projeto que é contra o professor. Eu não sei qual era o projeto, mas acho que tem de haver um diálogo, uma negociação com a classe. Acredito que houve negociação, mas quando fala que votou contra professor, isso nos choca muito, choca toda a sociedade.
PLN: Você está filiado ao qual partido?
Iuri: Ao Partido Social Democrata (PSD).
PLN: Mas as suas ideias são?
Iuri: É bom ter ideais na vida, é bom sonhar. Eu me debrucei muito em 2014 na campanha de Marina Silva em São Paulo, eu até ajudei a colher assinaturas para que ela pudesse fundar o Partido Rede Sustentabilidade. Porém, não me filiei na Rede em Lagarto para não correr o risco de ter voto, e não entrar por conta da legenda.
Então me filiei no PSD porque foi o partido, o qual vi que poderia encaixar algumas ideias minhas, mas minha ideologia toda é da Rede de Marina. É bom se posicionar, eu sempre me posicionei.
PLN: Você será candidato pelo qual agrupamento?
Iuri: Saramandaia.
PLN: Em sua ótica, como é que vai entrar o agrupamento esse ano na campanha eleitoral? Porque é muito desgaste para um grupo só. É desgaste na Câmara e na Prefeitura.
Iuri: Lila entrou há quatro anos com o desgaste de Jerônimo Reis, e Lila subiu no palanque com Jerônimo e ganhou. O pessoal é unido, acho Lila um cara muito honesto e muito sério, de verdade. E acho ainda que daqui há alguns anos Lagarto vai agradecer a Lila por sua administração, eu acho. Quanto ao grupo Saramandaia, ele vem unido de novo independente de quem for o indicado para a prefeitura. O grupo está unido.
PLN: Você falou que pretende se eleger como Yuri de Zé Grande, por quê?
Iuri: Porque isso é algo muito interiorano, e como o meu projeto é totalmente voltado para a cultura. E essa coisa de retomar um nome, é algo cultural de Lagarto. Quem é fulano? Fulano filho de cicrano, então Yuri filho no finado Zé Grande, que foi meu avô e que era muito conhecido na cidade e muito ligado à Igreja Católica. Ele é do Tanque, nascido e criado no Tanque, e eu quero fazer essa homenagem para ele. Ele nunca foi político, mas vivia envolvido na política.
PLN: Para você, o que é política?
Iuri: A política é esse contato entre eu e você. Com a política a gente pode fazer várias intermediações, mas acho que é esse contato eu com o outro para que possamos resolver os problemas da sociedade.
PLN: Qual seria a crítica ou as críticas que você faria a Câmara de Vereadores de Lagarto?
Iuri: Eles estão lá porque foram eleitos pelo povo, mas como diz a canção de Gilberto Gil ‘o povo sabe o que quer, mas o povo também quer o que não sabe’. Eles foram eleitos, mas estão lá querendo eu ou não.
PLN: Mas é um direito do cidadão poder criticar. Então qual a crítica você faria a CML?
Iuri: Eu não me sinto representado na Câmara de Lagarto. Eu ouvi de alguns pré-candidatos a vereador que para mim conseguir ser vereador por Lagarto, eu teria que ter R$ 150 mil para gastar nos últimos dias de campanha, e eu dizia para eles que eu não tenho um real e que estou atrás de um voto consciente, porque eu sou contra a compra de voto. Uma pessoa que vende seu voto não pode depois cobrar do eleito.
E tem muitos vereadores em Lagarto que estão confiando no dinheiro, para quando estiver faltando uma semana para a eleição, comprar os votos das pessoas. Eu acho que isso vai mudar esse ano, eu tenho escutado muita coisa boa para a política.
PLN: O que falta na CML?
Iuri: Falta debater, falta diálogo, falta levar Projeto de Lei para a Câmara. A Câmara de Lagarto não somente para conceder título de Cidadão Lagartense não, não é só isso. Ali é a casa do povo, tem de haver debate porque chegam os projetos e as pessoas nem leem porque pessoa A ou B quer que vote contra ou a favor.
PLN: Você acha que pode mudar isso? Porque a maioria que está ali certamente conseguirão se reeleger.
Iuri: Quem faz a política somos nós. Então não adianta eu cruzar os braços e entregar o bolo só para uma pessoa.
PLN: Ainda é algo muito cultural das pessoas em juntar três ou quatro talões de água para o político pagar em troca do voto. Você acha que vai conseguir mudar algo em relação a isso?
Iuri: As pessoas de modo geral têm essa cultura, mas não podemos generalizar. As pessoas estão tão insatisfeitas que não será um talão de luz que fará a diferença, elas estão no limite com a política.
PLN: Dos 17 vereados da CML, quantos ficam?
Iuri: Eu prefiro não comentar, não sei responder.
PLN: Caso a Saramandaia consiga permanecer na prefeitura, e envie um Projeto de Lei para a CML e você falou que vai questionar tudo o que lá for proposto. Isso não vai gerar um certo desentendimento entre você e o agrupamento?
Iuri: Eu sou partidário, mas não vou votar algo – que eu ache errado – só porque o grupo quer que eu vote. É difícil falar isso porque não estou lá para dizer, mas eu jamais irei de encontro com os meus ideais. Jamais.
PLN: Ideias de esquerda, centro ou direita?
Iuri: Totalmente de esquerda. Eu sou a favor das minorias, e de onde eu venho – da Academia Universitária -, eu dialogo melhor com aquele público.
PLN: Durante o seu período na universidade, você foi militante?
Iuri: Sim. Eu cursei na Unit, e lá tinha o movimento estudantil. Teve uma época que o prefeito era Edvaldo Nogueira, e a gente queimou pneu na porta da universidade e tal. Em São Paulo também militei muito naquela caminhada do Passe-Livre, contra Eduardo Cunha.
PLN: Como você recebeu a notícia de que o Conselho de Ética aprovou o afastamento dele?
Iuri: Eu pulei de alegria. Eu estava assistindo e chega né? Oito meses não dá para admitir isso.
PLN: Para você, o impeachment contra a presidenta afastada Dilma Rousseff é golpe?
Iuri: Sim. Nessas circunstancias é golpe. O que Dilma fez, todo mundo faz e é golpe porque o PMDB nacional não ganha na urna. O processo que eles fizeram, mexeu com o Brasil, e tudo isso foi comandado por Eduardo Cunha. Então não tem outra explicação para isso, a não ser golpe. No dia da votação do impeachment, eu assisti a sessão na casa de uma senhora, e lá parecia um velório por tirar uma mulher legitimamente eleita – e olhe que eu não votei em Dilma – para colocar Michel Temer.
PLN: Pelo que você tem observado, o que é que dá para esperar no Governo Temer?
Iuri: Eu não tenho nenhuma boa expectativa em relação ao Governo Temer. São ministros envolvidos com a Lava-Jato, então não tem como esperar coisa boa do Temer.
PLN: Mas o fato de termos um deputado federal pelo PMDB e ter um presidente no Planalto no PMDB pode beneficiar Lagarto.
Iuri: Lagarto já beneficiado desde que Fábio Reis está lá em Brasília, tudo isso com ou sem Temer.
PLN: Mudando de assunto. Seu projeto é mais voltado para a área cultural, e porque não também a área social?
Iuri: Se eu disser que vou melhorar a saúde, a educação estarei mentindo, porque vereador não faz nada disso. Vereador cria Projetos de Lei, eu acho que a cultura mexe com as pessoas e com o financeiro da cidade a partir do momento em que você destina um dinheiro para incentivar a cultura. Isso mexe com a economia da cidade também.
Tem de ter foco, o meu projeto é em favor da área cultural, mas não é porque vai aparecer um projeto em relação a saúde que eu vou votar contra.
PLN: Em todos esses anos de jornalismo, qual o maior aprendizado?
Iuri: Eu acho que o lado humanizado mesmo. Sentar e olhar no olho do outro porque eu acho que ninguém mais olha.
PLN: Qual a importância da imprensa pra você?
Iuri: Ruim com ela, pior sem ela.
PLN: Rede Globo?
Iuri: Ruim com ela, pior sem ela. Eu sou um ativista do jornalismo, eu acompanhei colegas meus sendo agredidos em manifestações, mas não acredito que é assim que se resolve as coisas.
PLN: Caso você perca as eleições, você voltará para São Paulo para retomar os estudos?
Iuri: Se eu perder a eleição, vou tirar uns meses de férias para repensar a minha vida porque eu não quero sair da política. Eu acho que a política me chamou, e quando ela te chama, você tem que contribuir de alguma forma mesmo sem mandato.
PLN: E como alguém pode contribuir sem mandato?
Iuri: Quando eu faço o livro contando a história de uma pessoa, e esse livro te toca. Então eu estou contribuindo de alguma forma. Quando escrevo algo em minha rede social, na qual disserto sobre algo que acho errado, estou contribuindo.
PLN: Qual a sua maior alegria?
Iuri: É quando eu ando nas ruas de Lagarto e as pessoas me abraçam e dizem: ‘Yuri, vou votar numa pessoa consciente esse ano’. Isso tem me emocionado muito.
PLN: E qual a sua maior tristeza?
Iuri: É um paradoxo, é o que a política vive hoje. Ao mesmo tempo em que estou alegre em poder renovar a política, eu fico triste porque existe hoje um câncer na política. Mas eu acho que esse câncer depende da gente.
PLN: Qual a avaliação que você faz dessa histórica disputa entre o Bole-bole e Saramandaia em Lagarto? Foi boa para o município?
Iuri: Eu acho que isso é cultural, acho que em todos os lugares existe isso. Eu só acho que isso fica muito acirrado, o que não ajuda a evoluir o debate político porque mesmo que eu seja Saramandaia de raiz, eu acho que o Bole-bole tem alguma coisa de boa para acrescentar. Acho que até a pior pessoa do mundo sempre tem algo de bom para contribuir.
PLN: Qual a mensagem que você gostaria de deixar para o povo de Lagarto?
Iuri: A mensagem é que eu coloquei o meu nome à disposição, e espero muito obter êxito nessa caminhada árdua. Estou há dois meses e meio fazendo as minhas visitas e o discurso é o mesmo: ‘Não tem representação na Câmara de Vereadores de Lagarto’.
Eu tenho conversado com amigos e tenho perguntado o que eles querem para a cidade para ver se a gente faz um projeto, e consegue levar um nome para a Câmara de Vereadores que tenha alguma representação. Esse Som na Praça é uma das coisas maravilhosas que nossa cidade tem, então eu acho que devemos ter um representante na área da cultura para contribuir com esse evento e com os demais artistas da terra.