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Valdênio Hora: “Você é o que você acredita”
12 de junho de 2016 - 22:06, por Alexandre Fontes
Portal Lagarto Notícias
A Entrevista da Semana é com o jovem fotógrafo, Valdênio Hora, de 22 anos de idade. Durante a entrevista, ele nos contou que já trabalhou com pirataria e que devido à necessidade acabou mergulhando no mundo da fotografia, o qual tem o ajudo bastante a crescer como profissional e também como pessoa.
Ainda durante a entrevista, Valdênio afirmou que a cultura do Brasil, no sentido dos populares questionamentos a corrupção tem de mudar, além de expressar a sua vontade de colocar em prática o seu projeto – ainda em mente – de levar alegria aos idosos do asilo.
Confira na íntegra:
PLN: Quem é Valdênio Hora?
Valdênio: É um cara sossegado, extrovertido, um pouco arrogante no sentido de gostar do que é certo porque eu não posso ver algo desarrumado, que imediatamente vou lá e ponho em ordem.
PLN: E por isso você é encarado como arrogante?
Valdênio: Mais ou menos, eu não sei ser maleável.
PLN: Alguém já disse que você era assim?
Valdênio: Às vezes eu penso, outras vezes alguém fala, as vezes eu me estouro.
PLN: Há quanto tempo você trabalha com fotografia?
Valdênio: Há nove anos. Comecei em novembro de 2008.
PLN: E o que te fez seguir essa carreira?
Valdênio: No começo foi mais por precisão. No início, eu recebi um tempo determinado para aprender aquela função e dar conta. Mas antes disso eu comecei a fazer pirataria, capa de DVD e CD e daí eu fui pegando o gosto pelo photoshop.
PLN: Além da pirataria, você trabalhava com algo a mais além da pirataria?
Valdênio: Eu trabalhei numa fábrica de fogos, na época eu tinha uns 14 anos.
PLN: Mas você sempre pensou em ser fotógrafo?
Valdênio: Não, eu queria ser cinegrafista porque durante toda a minha vida, eu sempre gostei mais do vídeo. E a fotografia entrou graças a oportunidade que um fotógrafo me deu no início. Mas ai fui demitido por outros problemas, nada demais.
PLN: Por que você foi demitido?
Valdênio: Eu fui muito arrogante com uma menina, daí ele me colocou pra fora.
PLN: Semana passada, o nosso portal conversou com um fotógrafo, e ele nos disse que para trabalhar com fotografia, o profissional tem de aprender a gostar de pessoas porque elas são maleáveis. Você concorda?
Valdênio: Sim. Hoje eu mais maleável como profissional, como pessoa acho que ainda sou um pouco arrogante. E olha que eu sou um cara extremamente alegre, que não ver dificuldade em nada. Se eu não sei executar determinado serviço ou se eu tenho dificuldade nele, eu o executo perfeitamente, e se eu não conseguir, eu peço 15 minutos para aprender.
PLN: Durante esses anos de trabalho, qual foi o maior aprendizado que você teve?
Valdênio: Acho que foi a fotografia, questão de cores porque fotografar no automático é fácil, quero ver mostrar o diferencial no manual. Porque fotografia hoje é você fotografar o momento da pessoa, aquele momento ímpar. Não adianta você querer botar uma câmera do rosto e clicar adoidado porque não vai sair nada que preste, você tem que prestar atenção no momento certo, no momento ímpar, por exemplo: O beijo na aliança, os pais chorando etc.
PLN: Como foi a sua primeira cobertura fotográfica?
Valdênio: Horrível. Porque durante a primeira cobertura fotográfica, eu fui segunda câmera e foi um casamento top. Mas o primeira câmera era muito bom, ele que me deu a oportunidade de fotografar e que me ensinou muitas coisas.
PLN: Você esperava trabalhar como fotógrafo?
Valdênio: Não porque eu sou bastante tímido também, mas quando eu seguro a câmera, eu perco toda a minha timidez e desenvolvo o meu trabalho como tem que ser feito.
PLN: Como é que você estar lidando com a sua timidez e com a sua arrogância no seu ambiente profissional?
Valdênio: Na questão da fotografia, em mim não existe arrogância, só alegria e disposição para executar meu trabalho. Quando estou com a câmera, eu sou outra pessoa.
PLN: Enquanto profissional da fotografia, qual que é o seu diferencial?
Valdênio: Eu acho que meu diferencial é o meu olhar, porque todos os fotógrafos têm o seu olhar diferente, e eu tenho o meu. Acho que para eu conseguir fazer uma bela fotografia, um dia antes, eu tenho que ficar bem comigo mesmo para poder executar o meu trabalho.
PLN: Para você, uma boa fotografia tem segredo?
Valdênio: Eu acho que tem de ter uma percepção bem legal, você tem que estar 100% no evento. Aquelas fotos que os fotógrafos esquecem de fazer, como alguém chorando de emoção, é o que dar a beleza do álbum.
PLN: Captar a emoção.
Valdênio: Isso, o fotógrafo tem que captar a emoção. Casamento, aniversário e formatura são feitos como filmes, e você tem que seguir as regras, e na transição dessas regras é onde entra a bela fotografia. É o beijo na testa, um beijo na aliança, um abraço, os noivinhos brincando, as vezes é o padre brincando com o casal. Porque foto pousada todo mundo faz, o difícil é a foto espontânea.
PLN: Você disse que tem vontade de ser cinegrafista, você já trabalha ou trabalhou como um?
Valdênio: Trabalho fazendo freelance. Hoje, eu busco aprender tudo em volta dessa área, a questão do design, da foto e do vídeo, eu procuro me aprimorar mais porque hoje nós somos o que temos. Infelizmente, somos o que temos e se eu não tivesse um conhecimento legal nessa área, ninguém iria me contratar.
PLN: A crise econômica tem chegado para todos, como você tem lidado com esse momento difícil? Porque a choradeira sempre existe, mas deve ter aumentado.
Valdênio: Aumentou um pouquinho, mas tem eventos que compensam, tem eventos que ajudam bastante. Além disso, quando estamos parados, buscamos aprender mais para quando aparecer outro evento, a gente mostre algo novo para o cliente.
PLN: Qual o seu maior sonho?
Valdênio: Ser bom no que faço.
PLN: Não se considera bom no que faz?
Valdênio: Me considero bom, mas eu busco sempre ser o melhor.
PLN: Tem alguma perspectiva de quando irá trabalhar para si mesmo?
Valdênio: Talvez no próximo ano, ainda estou decidindo.
PLN: Qual a maior dificuldade que você encontra diariamente?
Valdênio: Lidar com as pessoas. A gente tem que ser bem maleável, mas, graças a Deus, nunca tive nenhum problema.
PLN: Mudando de pau para cacete. Você disse que quer ser cinegrafista, mas atualmente cursa contabilidade, por quê?
Valdênio: É porque o tempo que eu tinha para estudar era mínimo, não tinha como u sair daqui pra Aracaju cursar design gráfico. Ai eu optei por contabilidade, meu irmão faz contabilidade e, se der certo, a gente pode firmar uma união e montar um escritório.
Mas eu não tenho vontade de montar um escritório de contabilidade, estou cursando para ter um currículo.
PLN: Qual a sua maior alegria?
Valdênio: Minha família, eu tenho uma filha de um ano e cinco meses.
PLN: Qual a sua maior tristeza?
Valdênio: A perda de meu avô, José Bispo dos Santos, em 2007 durante o natal. Hoje, minha família não tem natal, final de ano mesmo é a pior época do ano. Porque desde pequeno nós comemorávamos o natal no dia 25. E no dia da morte dele, ele antecipou tudo, ele pediu pra ser um dia antes no dia 24. E a gente fez a festa no dia 24, daí ele pediu pra todos fazerem silêncio e ele começou conversar, daí ele conversou a vida dele toda, e quando foi pela manhã, a gente tava num terreno dele plantando legumes, e na volta ele começou a passar mal e faleceu.
PLN: Você é casado e tem filho, como é ser pai de família?
Valdênio: É bem legal, é o que me ajuda a ser um bom profissional porque eu sou muito novo e você tem que lidar com a união, que é bastante difícil e onde começa o aprendizado.
PLN: Se você pudesse mudar algo no mundo, o que você mudaria?
Valdênio: A cultura do Brasil porque tem muitas pessoas que falam de corrupção, mas são as primeiras a serem corruptas. Falam de político, mas não dão o exemplo. Acho que a cultura aqui está em falta.
PLN: Então Brasília é só um reflexo do que acontece no resto do país?
Valdênio: Tem coisas que não dá nem para acreditar.
PLN: Como você gostaria de ser lembrado?
Valdênio: Como alguém que ajuda o próximo porque quando há alguma ação, eu gosto sempre de participar.
PLN: Você já desenvolveu algum projeto social?
Valdênio: Eu sou doador de sangue, mas ainda não sentei para ver algum projeto aqui. Queria até ver com alguns amigos.
PLN: Mas tem algum projeto em mente?
Valdênio: Queria desenvolver algo no asilo porque eu aproveitei bastante o tempo com meu avô, e queria ter aproveitado bem mais. E assim os idosos não têm com quem conversar, seria algo para entreter eles porque a família não sabe dar valor não, só dão valor quando perde. Passar um pouco de amor pra eles, algo que eles não têm.
PLN: Qual a mensagem que você gostaria de deixar para o povo de Lagarto?
Valdênio: Você é o que você acredita. Eu sou do tamanho do meu sonho, então eu sou o que eu acredito.
PLN: E no que é que você acredita?
Valdênio: Acredito que eu posso ser lembrado algum dia como uma pessoa alegre, gente boa e engraçado porque eu sou mais palhaço do que tudo. Busco fazer piadinha com qualquer coisa, é o meu diferencial, onde eu chego, faço amizade.