Palhaço Pilambeta: “A recompensa é o sorriso”

18 de abril de 2016 - 10:39, por Marcos Peris

Entrevistado da Semana

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A entrevista da semana é com o Tarcísio Ferreira de apenas 27 anos de idade. Esse nome pode não ser muito familiar porque ele é nacionalmente conhecido por crianças e adultos como Palhaço Pilambeta. E assim como todo palhaço, a alegria deste é ver a alegria dos outros.

Durante a entrevista, Tarcísio nos contou um pouco da sua história, do seu trabalho, do seu projeto social que é desenvolvido no Hospital Regional de Lagarto, além de suas pretensões políticas no âmbito da cidade ternura.

Acompanhe a entrevista na íntegra:

Lagarto Notícias: Quem é o Palhaço Pilambeta?

Tarcísio Ferreira: Pilambeta é um palhaço extrovertido, divertido, alegre e com um trabalho diferente dos outros. Acho que isso é o que identifica o Pilambeta.

LN: Muita gente, principalmente as crianças, conhecem o Pilambeta, mas quem é o homem por traz do palhaço?

Tarcísio Ferreira: é um cara tranquilo, que as vezes é meio acanhado, mas que também é divertido e alegre nos momentos certos. É só isso, acho que o Pilambeta aparece mais do que eu em cena.

LN: Como é que pode uma pessoa ser acanhada e ao mesmo tempo ser um palhaço?

Tarcísio Ferreira: A maioria das pessoas, que trabalham nesse meio, confirmam que os artistas que interpretam algum palhaço, são um pouco acanhados. Não sei porque existe isso, mas sei que existe. Não é só eu, outros também têm um pouco de timidez, mas são pessoas que quando vestem a roupa se soltam e fazem o seu trabalho como tem que ser feito.

LN: Quais são as suas referências no mundo do humor e por quê?

Tarcísio Ferreira: Gosto muito de um artista – ele é do Circo do Soleil – e chama-se Marcos Casuo, ele é a minha maior referência agora na atualidade.  Mas em relação a palhaço de circo, tem um palhaço que gostei muito e que tem uma grande referência desde o início da minha carreira, é o palhaço Salsicha do Circo Washington. Eu gosto muito do trabalho dele, ele é uma referência para mim no mundo do humor.

LN: Foi o palhaço Salsicha quem te influenciou?

Tarcísio Ferreira:  Não. Quem me influenciou foi uma professora minha da Escola Estadual Doutor Evandro Mendes, foi ela quem deu o primeiro incentivo assim, e eu estava meio que querendo, então ela me deu meio que um empurrão, e ai começou tudo.

LN: O que essa professora fez para te influenciar a seguir na carreira circense?

Tarcísio Ferreira: No colégio, eu era um garoto bem extrovertido, alegre, vamos dizer: perturbado né?! E ai no meio do uma apresentação, ela me convidou para fazer algumas apresentações de fantoches, eu aceitei. Depois ela me fez outro pedido que era pra me vestir de palhaço, ai eu disse que não queria, que não era a minha área, não era a minha praia, mas quando ela disse que valia nota, eu fiquei feliz e topei.

LN: Na época você estudava em que série?

Tarcísio Ferreira: A série, eu não me lembro porque tem muitos anos, mas eu me lembro da professora, era a professora Vera. Eu era bem guri, isso tem muitos anos mesmo.

LN: Você tinha quantos anos na época?

Tarcísio Ferreira: Eu não me lembro, mas eu comecei a carreira com 15 anos, inclusive estou completando nesse período agora 13 anos de carreira. Então, creio que eu tinha de 15 para 16 anos.

LN: A primeira vez a gente nunca esquece. Então como foi a sua primeira apresentação?

Tarcísio Ferreira: A primeira apresentação foi no aniversário de um amigo meu, fiquei bastante nervoso, não sabia o que fazer, não tinha nada, apenas a roupa de palhaço, a cara e a coragem. E foi o maior desastre, me lembro até hoje que esse aniversário aconteceu numa residência que tinha uma piscina, e por incrível que pareça o pessoal me jogou na piscina de roupa e tudo. Foi um desastre, mas não esqueço nunca deste primeiro evento que fiz. Não é como hoje que a gente trabalha tudo, tem um cronograma especifico para fazer uma apresentação, mas foi bom.

LN: Atualmente como que é a preparação do palhaço Pilambeta para uma apresentação? Tem algum roteiro a ser seguido?

Tarcísio Ferreira: Tem um roteiro, tem uma preparação e a gente vai aperfeiçoando cada vez mais para que a cada nova apresentação tenhamos algo novo.

LN: Anteriormente você disse que foi o palhaço Salsicha quem te influenciou, você chegou a conhece-lo?

Tarcísio Ferreira: Sim, o conheci quando ele teve aqui na cidade de Lagarto, ele montou o circo lá no Tanque Grande e eu tive o prazer de o conhecer trajado de palhaço, mas não tive o prazer de conversar, de trocar uma ideia com ele, mas pessoalmente conheci ele sim.

LN: Pelo que você respondeu a professora Vera, você não tinha a pretensão de ser palhaço. Então o que você queria ser?

Tarcísio Ferreira: Nem eu mesmo sei, nem imaginava o que queria ser. Apenas apareceu a oportunidade e não parei mais, estou até hoje.

LN: Quando foi que a ficha caiu e você decidiu que seria palhaço?

Tarcísio Ferreira: A ficha caiu depois que fiz os primeiros eventos, quando começaram a aparecer os primeiros aniversários, as lojas que foi o pontapé inicial, foi o comércio de Lagarto quem abraçou a ideia. E comecei a ver que fui crescendo e fui indo.

LN: Qual o diferencial do Palhaço Pilambeta em relação aos outros?

Tarcísio Ferreira: Eu acho que é a maneira que ele trabalha, se veste, se maquiagem, o jeito de agir e de tratar os números que ele faz, as brincadeiras. E o Pilambeta, ele faz um pouco de tudo, ele entra no mundo da mágica, do malabarismo, da acrobacia, da brincadeira, ele até dá uma de cantor no meio da apresentação. Então o diferencial é isso, fazer um pouco de tudo.

LN: O Pilambeta chegou a ser cantor no programa Ridículos da Rede Record.

Tarcísio Ferreira: Não vou dizer que foi cantor, ali foi uma dublagem em cima da música, mas foi bom, foi o meu primeiro programa de tevê e foi quem deu uma levantada na carreira.

LN: Você participou de uma seleção com 80 candidatos, a apresentação foi a mesma?

Tarcísio Ferreira:  Foi aquela mesma apresentação da tevê, mas eu acho que só fui selecionado porque eu era o único sergipano. Então acho que isso facilitou para eles, um sergipano participar do programa.

LN: Depois da apresentação eles te falaram alguma coisa?

Tarcísio Ferreira: Não porque como é muita gente, o contato é mais durante a preparação do que depois da apresentação.

LN: Partindo um pouco para a sua história pessoal. Você é natural do município de Santo Amaro – interior de São Paulo -, o que fez você parar em Lagarto?

Tarcísio Ferreira: A família da minha mãe é do interior daqui de Lagarto, morei um tempo lá quando era pequeno, e minha mãe decidiu vim pra cá pra Lagarto. E foi ai que comecei a residir aqui, a ideia principal foi dela porque na época eu era pequeno, não tinha noção de nada. Acredito que tenha chegado aqui com uns nove anos de idade. Mas a ideia foi da minha mãe que queria ficar perto da família porque minha família é dividida, uma parte mora em São Paulo e outra aqui em Lagarto.

LN: Ao chegar aqui, você encontrou alguma dificuldade para se adaptar? Seja na escola ou em outros locais.

Tarcísio Ferreira: Não, acho que eu era um menino bem aberto.

LN: Hoje, você trocaria Lagarto por alguma outra cidade?

Tarcísio Ferreira: Eu me adaptei bastante a essa cidade, é tanto que em dois/três anos eu vou a São Paulo, passo 30 dias e já estou doido para voltar. Então acho que minha cidade é aqui mesmo, não trocaria por outra não.

LN: Voltando para a sua vida artística, de onde é que vem o nome Pilambeta?

Tarcísio Ferreira: Pilambeta vem do nome de um peixe, só que o correto é Pilombeta. Eu chego em alguns lugares e tem escrito Pilombeta em outros Pilambeta, mas a primeira ideia na cabeça foi o nome do peixe.

LN: Mas tinha você já tinha usado outros nomes ou sempre foi Pilambeta?

Tarcísio Ferreira:  Não. Eu já tinha usado outros nomes, inclusive na minha primeira apresentação, eu fui o palhaço chupetinha. Já tinha sido chupetinha, chupetão, uma coisa assim, só que acabou não colando. Por isso, batizei esse nome de Pilambeta e o pessoal abraçou.

LN: Hoje você ampliou a empreitada, agora é o Circo do Pilambeta.

Tarcísio Ferreira: Agora eu tenho um espetáculo, o Circo do Pilambeta. Onde eu tenho uma equipe formada por palhaço, mágico, malabarista, perna de pau. Daí eu junto esse pessoal e a gente faz um espetáculo de uma hora e meia para eventos, shows, praças e é muito legal. O pessoal gostou.

LN: Vamos para o seu lado mais humanitário. Desde quando você desenvolve o trabalho voluntário, através dos Doutores do Riso, no Hospital Regional de Lagarto?

Tarcísio Ferreira: Já tem sete anos que faço esse trabalho que vem desde o hospital antigo que foi desativado, e agora faço no Hospital Regional os trabalhos dos doutores da alegria. E uma vez por semana eu vou lá no hospital, preferencialmente na quinta ou sextas feiras porque é um dia mais tranquilo, o horário de visita também para não atrapalhar nada lá, e executar o serviço com perfeição.

LN: Você costuma ir acompanhado?

Tarcísio Ferreira: Às vezes sim, as vezes vou acompanhado de enfermeiros, até empresários se habilitaram a ir comigo, eles próprios fizeram o convite e o projeto é aberto a todos.

LN: A iniciativa do projeto foi sua?

Tarcísio Ferreira: A iniciativa já existe. O projeto Doutores da Alegria já existe em São Paulo, agora a ideia inicial surgiu quando eu estava morando lá e acabei abraçando a ideia, até que conheci um dos integrantes e perguntei se eu poderia fazer aquele projeto, usar o nome para trazer aqui pra uma cidadezinha Lagarto do menor estado do país, e ele disse: “Claro, porque não? O nosso projeto tem de crescer.”. Daí eu acabei trazendo a ideia que de início as pessoas acharam estranho, mas que depois foram entendendo que um palhaço no hospital era um trabalho social, que era feito de coração e sem custos.

LN: A alegria das crianças já custeia o esforço.

Tarcísio Ferreira: Claro, não só das crianças como dos adultos também que frequento a ala adulta e de criança. E a satisfação de ver as crianças ali sorrindo, se acordando, se levantando para ver o palhaço, outras choram porque é normal, é fundamental. E a recompensa é o sorriso.

LN: Quando uma criança chora ao ver o palhaço, o que você faz?

Tarcísio Ferreira: Ai eu saio de cena porque tem que respeitar. Se ver que não vai, a gente sai de cena, deixa ele lá e parte pra outro quarto e vai visitar outras crianças.

LN: Como você descreveria suas visitas ao hospital?

Tarcísio Ferreira: Às vezes boas, as vezes a gente se emociona, as vezes – como pessoas que vão comigo – choram, mas é só diversão. É como se fossemos visitar um familiar nosso, levando um pouco de alegria, diversão e carinho para as pessoas que estão precisando lá no hospital.

LN: Tem vezes que são ruins?

Tarcísio Ferreira: Ruim que eu falo, é quando a gente imagina uma coisa e quando chega lá tem situações tristes, que acaba sendo triste pra gente também. Como por exemplo o falecimento de alguém, não na hora que a gente tá, mas – minutos depois – uma pessoa que estava boa e de repente a gente recebe a notícia que ela não resistiu. Pra gente isso é como uma missão não cumprida porque a nossa missão é levar alegria e diversão.

LN: Indo para a política, procede as informações de que você pretende disputar um cargo público nessas eleições?

Tarcísio Ferreira: É sim. A ideia inicial era assim: Por que não ser um pré-candidato a político na cidade de Lagarto? Primeiro que a ideia não foi nem minha, foi de amigos incentivando. Mas de primeira, achei que não era minha praia, ai eu fui me aperfeiçoando vendo outros candidatos, inclusive da minha área, e vi que tinha possibilidades de levar à sério mesmo levando o nome do meu trabalho de humor para a política.

LN: Quando surgiu a ideia de ser candidato?

Tarcísio Ferreira: Eu não sei dizer quando surgiu a ideia porque tem um tempo de filiação e as pessoas diziam para que eu me filiasse a algum partido, eu me filiei, mas não tinha nenhuma pretensão de logo me filiar e ser candidato.

LN: Você é filiado ao qual partido e porque o escolheu?

Tarcísio Ferreira: Sou filiado ao Psol porque eu acho que o Psol tem ideias que batem com as minhas. Umas não e outras sim, não vou dizer que todas batem porque eu estaria mentindo. Mas acho que algumas coisas se encaixam.

LN: Quais ideias você compartilha com o partido?

Tarcísio Ferreira: Eu acho que a confiança e a firmeza que o partido tem. O Psol é um partido firme que quando diz aquilo, não volta atrás. Acho que é um partido sério.

LN: Quando alguém se propõe a fazer algo, é porque tem algum objetivo. Se você fosse eleito hoje, qual seria a sua meta enquanto servidor público?

Tarcísio Ferreira: A minha meta principal é a cultura porque eu vejo que Lagarto tem uma cultura rica, mas que as pessoas não enxergam muito. Cultura que eu falo, não é somente a minha e sim tantas outras que hoje estão ai desativada porque não tem o devido incentivo para o artista mostrar o seu trabalho, isso faz com que o profissional abandone a sua arte para ir pra um emprego que ele vai porque tem ir, tem que se manter. Então eu penso assim.

LN: Já tem algum projeto?

Tarcísio Ferreira: Não, ainda é cedo demais.

LN: Se depender de você, a sua candidatura sairá esse ano?

Tarcísio Ferreira: Se depender de mim, eu quero que saia sim. Estou firme, mas entrego nas mãos de Deus para ver o que vai acontecer.

LN: Qual a contribuição que você quer deixar para o povo de Lagarto? É o trabalho social?

Tarcísio Ferreira: Sim, é o trabalho social de dar alegria as pessoas. Acho que todas as pessoas deveriam desenvolver algum trabalho social porque é um ciclo.

LN: Qual a sua maior alegria?

Tarcísio Ferreira: A minha maior alegria é ver os outros alegres. Quando eu vejo os outros sorrindo, eu me empolgo e mais faço a pessoa sorrir.

LN: E sua maior tristeza?

Tarcísio Ferreira: Quando a pessoa fala mal daquilo que você está fazendo bem. Isso me deixa triste. Você faz o bem, mas a pessoa não reconhece, isso me deixa triste.

LN: E o que você faz quando isso acontece?

Tarcísio Ferreira: Fico na minha, fico tranquilo, não sou de rebater nada porque a minha resposta é lá na frente quando algo de bom me acontecer.

LN: Como você gostaria de ser lembrado?

Tarcísio Ferreira: Como uma pessoa do bem, respeitada. Tenho muita credibilidade com todos A, B, C, D. E como Pilambeta ter o reconhecimento pelos trabalhos que eu faço também, acho que reconhecimento é tudo.

LN: Qual a mensagem que você gostaria de deixar para o povo de Lagarto como também para todos os seus fãs e a criançada?

Tarcísio Ferreira: Que caminhemos tranquilamente, fazendo o nosso papel, respeitando cada um sendo aliado ou não. Vamos valorizar, crescer e expandir o que temos de melhor, e vamos ser amigo de cada porque quando isso acontece, a tendência é crescer mais e mais.

 

 

 

 

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