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Irrigantes orgânicos pleiteiam espaço no novo Mercado de Lagarto
21 de janeiro de 2016 - 09:21, por Marcos Peris
A agricultura orgânica legitimada nos Organismos de Controle Social (OCS) tem como obrigatoriedade a venda direta ao consumidor. Sem intermediários, encontrar espaços para oferecer seus produtos se torna um obstáculo a mais na nobre função de produzir sem agrotóxicos. Na última terça-feira (19), um grupo de 11 irrigantes agroecológicos, instalados no Perímetro Irrigado Piauí da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), foi conhecer as obras do novo Mercado Municipal de Lagarto, na expectativa de concretizarem o desejo de terem um espaço fixo de comercialização.
Eles foram convidados pelo prefeito Lila Fraga (DEM), que depois de ter uma reunião com esses agricultores, no dia 21 de junho do ano passado, assegurou reservar espaço exclusivo à venda de produtos cultivados sem agrotóxicos no novo Mercado Municipal. A obra do Governo do Estado orçada em R$ 16.329.441,90 e executada com recursos do Proinveste, ampliou a estrutura do prédio público municipal, criando espaço para a venda de carnes no térreo, praça de alimentação no novo piso superior e a seção de Hortifruti com 298 boxes, setor onde os orgânicos pretendem se instalar.
“Hoje o orgânico é uma realidade e quem usa o produto orgânico é mais sadio. Então, com o Perímetro Irrigado vamos separar umas bancas para este pessoal. Estamos discutindo e nos reunindo para decidir como será o leilão, de forma que principalmente não prejudique os feirantes da cidade, mas uma coisa certa é que as bancas do pessoal dos orgânicos estão garantidas”, estabeleceu Lila Fraga. O Prefeito também prevê que a reinauguração do Mercado aconteça em no máximo quatro meses e garante que a Administração Municipal está trabalhando para definir a distribuição dos boxes antes disso.
Gerente do Perímetro Piauí, Gilvanete Teixeira reuniu e acompanhou os produtores na visita às obras do Mercado. Da Prefeitura ela recebeu a requisição do cadastramento de todos os orgânicos instalados no pólo de irrigação. “Eles querem saber, destes agricultores integrantes da OCS, quais a Cohidro considera aptos neste modelo produtivo e que poderão arcar com a responsabilidade de um estande no mercado. Isso não será problema da nossa parte. Pelo trabalho feito pelos nossos técnicos agrícolas, acompanhando os produtores periodicamente e temos estes dados sempre atualizados”, considerou.
José Barbosa Irmão, o Barbosinha, é um dos irrigantes do Perímetro que se dedica a produzir orgânicos. Atualmente está somente cultivando o Coentro, mas ele acredita que arranjando este espaço fixo no Mercado Municipal, para venda na Cidade, possa ter uma nova demanda para aumentar tanto área plantada como variedade de produtos. “Eu creio que tem que ficar melhor. Estou conversando com o meu sobrinho, para conseguir uma nova área e plantar mais coisas com a ajuda dele”, comentou agricultor que considera encontrar mão de obra qualificada, o maior entrave para produzir mais.
Para o Diretor-presidente, Mardoqueu Bodano, é também uma das missões da Cohidro encontrar pontos de venda direta para estes produtores. “Estamos sempre encaminhando estes agricultores familiares e orgânicos para participarem das Feiras da Agricultora Familiar organizadas pelo Governo do Estado, Sebrae e Banco do Nordeste. Calculamos que a nossa produção orgânica em 2015, foi de cerca de mil toneladas. Com o auxílio da irrigação, acreditamos que este número ainda pode aumentar, diante da possibilidade de se produzir o ano inteiro, ininterruptamente, alimentos sem agrotóxicos nos nossos Perímetros”.
Outro produtor entusiasmado com o novo Mercado Municipal é Lauriano Rocha dos Santos. Atualmente Ele só planta batata-doce sem agrotóxicos, e não vai para as feiras livres. Acaba por vender sua produção orgânica como convencional para os atravessadores. “Eu não tenho mercado, tendo o incentivo, aumento a minha produção. Eu posso arriscar com a Cebola Branca orgânica, Plantei cinco carreiras como experiência e deu certo”, conta o agricultor que quer apostar em variedades diferentes da oferta comum dos orgânicos.
Fábio Henrique Santos, Secretário Municipal do Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas de Lagarto, esclareceu que quem adquirir um box no novo Mercado, terá direito de uso por 35 anos e os valores, ainda a serem estipulados para cada um dos três tipos de bancas, serão pagos em seis parcelas. “Conforme determinação do Ministério Público do Estado, estas bancas terão de ser licitadas. Mas vai se deixar um determinado número de bancas para os produtos orgânicos e estes produtores terão direito de participar da licitação”, elucidou, advertindo que só sendo registrado como produtor orgânico será possível disputar uma vaga nesse local reservado.
Diretor de Irrigação Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Quintiliano da Fonseca Neto explica que os agricultores orgânicos são inscritos no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) por meio da OCS e isso lhes dá a autorização para a venda direta ao consumidor dos seus produtos. “O documento de inscrição individual deve se exibido no ponto de venda para certificar ao consumidor que eles são aptos para este tipo de cultivo. Mas nesse grupo, sendo um Organismo de Controle Social, cada qual zela pela qualidade dos alimentos orgânicos que todos produzem, de forma que ninguém se desqualifique e com isso prejudique aos demais”.
Já o produtor Raimundo Carlos Pereira, o Raimundinho, considera que havendo este espaço exclusivo para os orgânicos no Mercado, estabelecido e avalizado pelo poder público municipal, as chances serão maiores para convencer o cliente da veracidade do cultivo agroecológico. “Vendo aqui, com barraca na feira de Lagarto, como produto convencional, sem dizer ser orgânico. Mas fui em duas feiras do Sebrae em Aracaju, como orgânico, e vendeu bem, lá tendo mais espaço. Tendo um local próprio é mais fácil, o povo vai acreditar, pois mesmo tendo um certificado é difícil”, estabeleceu.
O novo Mercado
Com 521 boxes, o Mercado possui 9.510,79 m² de área construída em dois pavimentos. Onde funcionava o antigo mercado, são 223 boxes padronizados destinados à comercialização de carnes. Já o segundo módulo é novo e composto por 298 espaços para vendedores de cereais, legumes, verduras e frutas, local onde será reservada a área específica para a venda de produtos orgânicos.
Um novo pavimento superior foi construído sobre este setor de Hortifriti e terá uma praça de alimentação com 28 lanchonetes, espaço administrativo, ponto bancário, posto da guarda municipal e ambulatório médico. A área externa do mercado terá 69 vagas de estacionamento para automóveis, área para carga e descarga, casa de força, casa de lixo, central de gás, 11 quiosques e um reservatório subterrâneo.