Orgânicos assistidos pela Cohidro se reúnem em Lagarto

13 de outubro de 2015 - 23:11, por Marcos Peris

Aconteceu mais um encontro dos produtores orgânicos instalados em Lagarto. No lote do agricultor Delfino Batista, os irrigantes do Perímetro Irrigado Piauí – administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) – e outros membros do Organismo de Controle Social (OCS) se reuniram para aprender a fazer a Calda Bordalesa e para discutir a atuação do grupo, idealizando uma maior união para superar dificuldades.

Delfino, anfitrião do encontro, disse que já são cinco anos desde a criação da OCS que participa. Ele considera que se fossem mais unidos, seria mais fácil de conseguir os benefícios para o grupo. “Como por exemplo ir para Aracaju levar nossa produção orgânica. Seja dividindo os custos ou de ir buscar no Poder Público a ajuda para conseguir isso”, considera o produtor, se valendo do fato de ser a Capital Sergipana o mais promissor mercado para a produção orgânica.

Técnica da Gerência de Desenvolvimento Agrário da Cohidro (Gedea), Maria Terezinha Albuquerque também considera a união dos produtores essencial, pensando nos programas governamentais de compra da produção. “Ano que vêm passa a valer um Decreto do Plano Safra da Agricultura Familiar, que determina a todos os órgãos da Administração Federal que recebem recursos para a compra de alimentos, a aplicação mínima de 30% dos recursos na agricultura familiar,” alertou, reiterando que só se agrupando em associações regulamentadas, os produtores poderão fornecer para o poder público.

Josevan Lisboa Batista, embora não seja um agricultor irrigante com área produtiva dentro do Perímetro Piauí da Cohidro, tem se beneficiado da troca de experiências tratada nos encontros, onde produtores colaboram entre si sob a orientação dos técnicos da Empresa. Na sua opinião, é preciso buscar mercados onde o orgânico seja valorizado, para assim obter mais retorno da atividade. “Entrego a minha produção só a pessoas de Lagarto, todo sábado e vivo hoje exclusivamente da minha produção, daquilo que eu e a minha esposa produzimos, pois se for contratar não compensa”, expôs ele, que tem lote no povoado Colônia Treze e pertence a mesma OCS dos irrigantes do Piauí.

A Gerente do Perímetro Piauí, Gilvanete Teixeira, concorda que seja necessária a organização dos produtores para a conquista de novos mercados, disponibilizando os recursos do escritório da Cohidro para auxiliar sempre que possível. “Fazemos todo o possível para que estes produtores possam atuar em mercados maiores, em outras cidades e na Capital Aracaju. Toda e qualquer oferta que nos é oferecida de um espaço para a venda de produtos orgânicos, é sempre repassada aos produtores que, quando estão aptos ao fornecimento contínuo de alimentos, são sempre bem aceitos nesses locais de comércio”, destacou ela, incentivadora dos encontros dos orgânicos, que até já resultou em mutirões nos lotes irrigados.

Mardoqueu Bodano, presidente da Cohidro, se orgulha em fazer parte deste processo de transformação dos pequenos produtores familiares em empreendedores da agricultura orgânica. “Ao contrário do que se pensa, ao ver o agronegócio e suas enormes máquinas ceifadeiras, estes pequenos estão a um passo à frente, pois trabalham com a alimentação saudável, em propriedades sustentáveis onde não há agressão ao meio ambiente, se comparada às grandes plantações empresariais. A Companhia presa por esta mudança de conceito produtivo e apoia sempre para que essas iniciativas se desenvolvam”.

Novos adeptos

Há um ano e três meses, Iolanda Farias Alves atua como agricultora familiar em uma área coletiva da Associação dos Futuros Produtores de Lagarto, instalada no Perímetro Piauí. São quatro produtores que cultivam em conjunto na área que pertence ao grupo. “Estou participando desta reunião pela primeira vez, após o convite que recebi de Delfino. Acho muito interessante a ideia de produzir sem agrotóxico, se for possível, gostaria de trabalhar com isso também e até fazer parte desta OCS”, disse.

Calda Bordalesa

Técnico agrícola da Cohidro, Marcos Emílio Almeida fez uma demonstração prática de como preparar a Calda Bordalesa aos produtores. Segundo ele, a descoberta da receita foi meio que por acaso, quando no Século XIX o botânico francês Pierre Marie Alexis Millardet notou que alguns vinhedos da região de Bordeaux – que dá o nome ao insumo – não apresentavam debilitações por fungos. Após indagar aos produtores de uvas, descobriu que estes aplicavam a calda, composta por sulfato de cobre e cal, com a intenção de amargar os frutos para que ninguém viesse furtar os parreirais.

“Além de combater os fungos, as pesquisas revelaram que se trata de um excelente inseticida e ainda combate algumas bactérias. Sendo pouco tóxico é um produto autorizado para uso na agricultura orgânica, basta fazer uma lavagem para consumir”, explicou Marcos. Ele revela que a receita é composta pela fração de 1% de cada um dos ingredientes, para um volume de água. “No caso aquide 20 litros de água, usamos 200 gramas do Sulfato e outros 200 gramas da cal virgem. Dilui-se estes sólidos separadamente, cada qual em um litro daquela água, até formar uma pasta homogenia”, acrescentou.

Após a dissolução dos produtos na água, eles são misturados entre si e depois ao restante da água a ser usada. Dai então, se for usado um pulverizador na aplicação, é importante coar em um pano ou peneira. Mas o agricultor tem que estar atento a outros detalhes, como explica Marcos Emílio. “Quando for misturar os dois produtos dissolvidos, sempre se deve acrescentar o Sulfato de Cobre na Cal, nunca o contrário, pois pode dar errado. Importante também alertar que a Calda não deve ser aplicada em sementeiras, em mudas de tomate só depois de elas terem mais de quatro folhas”, revelou.

Marcos ainda alerta que a aplicação deve ser feita nos horários de menor insolação, no começo ou no fim do dia, a fim de evitar que as folhas sejam queimadas pelo calor do sol. “Não menos importante, mas um fator que pode interferir na qualidade do produto é a acidez. Então, aconselha-se medir o PH da solução final, usando até um papel indicador de PH em água de piscina, fácil de encontrar no comercio. Se indicar um número abaixo de 7 ou 8, é recomendável diminuir a acides colocando mais Cal, em nosso exemplo de 20 litros de água, acrescentar então mais 10 ou 20 gramas do produto por vez, até dar um número aceitável”, concluiu.

Perímetro Irrigado Piauí

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